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    Festa MASTERp la n o tem um plano benigno para a música eletrônica de BH, conheça

    29.4.2017

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    CLAUDIA ASSEF

     

     

    Semana passada aqui na coluna Eletronika celebramos os 18 anos do selo Noise Music, e os quase 30 anos de carreira de Anderson Noise, um pioneiro da cena eletrônica mineira. Esta semana migramos o foco pra MASTERp la n o, um coletivo de festas que está mudando o cenário noturno de Belo Horizonte.

     

    No último sábado (22), vi a DJ Carol Mattos, uma das cabeças da MASTERp la n o, tocando em São Paulo na festa Mamba Negra, da qual é residente. Pensei: “nossa, que poder”. Trocamos telefones e já na segunda-feira fui atrás dela. A entrevista abaixo foi respondida coletivamente pelo crew do MASTERp la n o. Se programem porque tem festão neste sábado, com direito a mostra de filmes grátis à tarde. Mais infos no pé da coluna.

     

    Como surgiu a ideia de fazer a MASTERp la n o?


    MASTERp la n o - No começo de 2015, nos reuníamos para fazer pequenas festas  em apartamentos e casas de amigos para testar mixagens e videotecagem. E como a música tinha nos unido como grupo de amigos, pensamos que ela poderia ser um instrumento para unir mais e mais pessoas. Afinal, era urgente descobrir quem mais em BH também se interessava por essas coisas. Criamos um grupo no Facebook para estimular essa iniciativa e trocar referências em música eletrônica e artes visuais. Foi assim que o coletivo surgiu. E foi assim que resolvemos ir para a calçada em frente a um boteco no centro de BH, no mesmo dia que transmitimos nossa primeira rádio online, com um sistema de som minúsculo, reunindo umas 20 pessoas na primeira edição aberta ao público. Na segunda edição, organizamos uma oficina aberta ocupar a mesma calçada com uma experiência cenográfica diferente. Dessa vez já eram cerca de 600 pessoas, e logo percebemos que não estávamos sozinhos.
    Naturalmente surgiu a necessidade de fazermos eventos fechados (com bilheteria) para tornar o projeto sustentável e criar uma microeconomia que remunerasse as pessoas envolvidas em cada edição e também possibilitasse uma infraestrutura melhor e a inclusão de convidados de fora da cidade.

     

    Belo Horizonte tem um passado bem forte na música eletrônica, com DJs e clubes underground rolando desde os anos 80. Vocês acham que este momento está voltando com força total? Vocês têm alguma conexão com os DJs pioneiros, houve alguma troca com eles?

     

    MASTERp la n o - Apesar de não termos vivido a época dos anos 80/90 da música eletrônica em BH, desde que os eventos da Masterplano tomaram uma proporção maior na cidade, somos comparados com a cena anterior. Pensamos que são cenas muito diferentes. Se trata de outro contexto político, econômico e cultural, são outras agendas, que são reflexos do tempo que vivemos agora. Dizer que não passa de uma retomada tomando como base o fato de ser música eletrônica (que também se transformou) é abrir mão de toda a complexidade e especificidades que cada momento teve, e isso nos parece reducionista demais, tanto para o que aconteceu no passado quanto para o que está acontecendo agora.

     

    A princípio houve grande resistência dos DJs da cena anterior com o que estávamos fazendo. Primeiro pelo fato de que a maioria de nós não tinha muita experiência tocando e por utilizarmos infraestrutura de som e equipamentos mais precários e improvisados. Em seguida pela impressão equivocada de que estávamos contribuindo para desvalorizar o trabalho dos DJs quando fazíamos festas gratuitas ou com entradas muito baratas. Atualmente já conseguimos ter uma infraestrutura muito melhor, mas sabemos que a experiência sonora de uma festa vai muito além dos equipamentos e da técnica utilizada. E, mesmo “inexperientes”, sempre tivemos muito cuidado com nossa proposta musical e visual, pois queríamos nos proporcionar experiências de festa que gostaríamos de ter e não encontrávamos na nossa cidade. Mas ficamos felizes em ver que conseguimos quebrar essa barreira quando se percebe que há espaço para diferentes propostas na cena e cada uma tem seu valor e importância. Já aconteceram várias trocas legais, desde aulas de produção musical com produtores "das antigas" até o clube Deputamadre, que existe há 14 anos e hoje nos apoia disponibilizando espaço para treinarmos no CD-J e também convidando nossos DJs para tocar nas suas festas.

     

    Vocês têm alguma espécie de intercâmbio com a cena de festas de SP e de outras cidades do Brasil?

     

    MASTERp la n o - Sim, desde o começo frequentávamos algumas festas em São Paulo, mas esse contato se consolidou de fato quando produzimos junto a outros coletivos o “Contatos Sonoros”, festival de quatro dias no ano novo de 2015 pra 2016 em Heliodora (MG). Ali conhecemos vários coletivos e amigos de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis, com os quais seguimos trabalhando em diversas ocasiões. Esse festival nos estimulou a querer continuar a fazer propostas em conjunto e em 2016 fizemos a primeira edição da MIKATRETA, no Carnaval, junto com outros coletivos de BH, São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre. Na edição desse ano conseguimos reunir 17 coletivos para dois dias e duas noites intensos de festa com apresentações de mais de 50 artistas. Foi emocionante ver tanta gente reunida e o público imenso que esse projeto conseguiu movimentar. A partir desses eventos coletivos temos contato com a música e os projetos que têm sido feitos em várias partes do Brasil e criamos relações que mantemos ao longo do ano, quando os recebemos para tocar aqui ou somos convidados para tocar em outras cidades, principalmente em São Paulo, que tem uma quantidade absurda de festas boas. Nas nossas festas já recebemos artistas da Cracofonia, Caldo, ODD e Mamba Negra, de São Paulo e também da SOMM, do Rio de Janeiro, festas por onde já estivemos, além da Repulsa e Music Nerds, de Curitiba e MAGMA, do Rio de Janeiro. É uma rede que cresce cada vez mais. Atualmente uma das integrantes da Masterplano, a ACAPTCHA, é também parte da Caldo (SP) e a Carol Mattos é residente da Mamba Negra. E é muito legal também ver um intercâmbio de público. Já rolaram turmas de outras cidades que vieram para BH por causa da nossa festa e é muito comum que a galera de BH também viaje para curtir a festa em outras cidades. É uma comunidade amigos festeiros que vai tomando forma.

     

    Como vocês acham que uma presença mais forte de mulheres à frente das festas influencia no resultado final?

     

    MASTERp la n o - É muito evidente a diferença na atmosfera geral de uma festa quando se tem mulheres presentes na tomada de decisões, talvez por levantarmos outro tipo de preocupação. Para nós, é muito importante ter uma presença significativa de mulheres na festa, porque isso é essencial para criar uma atmosfera mais segura e confortável. Mas é uma tendência que o público masculino seja sempre maior. Como reverter isso? Como fazer com que as mulheres se sintam mais convidadas para as nossas festas? A partir daí levantamos uma série de questões sobre como criar espaços mais convidativos, o que inclui não só aspectos de controle ao assédio e incentivo ao respeito, mas toda uma atmosfera da festa, que envolve detalhes como iluminação, ambiência, presença de mulheres trabalhando e na pista. Sabendo que há mulheres na organização da festa, elas também se sentem mais confortáveis em nos procurar para fazer sugestões ou denunciar alguma situação desagradável por que tenham passado. Nesses momentos é importante que estejamos ali para ouvi-las. Temos muito cuidado também com a linguagem que utilizamos para nos comunicar. Já vetamos algumas falas e imagens porque pensamos “peraí, uma mulher não diria isso” ou “não nos identificamos com essa representação”. Quando entramos em uma página de um grupo, é muito evidente quando tem uma mulher com espaço de fala. É muito comum que a gente use palavras no feminino ou sem gênero e que a gente deixe bem claro a todo o tempo que essa é uma festa em que celebra as artistas mulheres e LGBTQ+ e que os espaços que a gente ocupa são espaços onde práticas de intolerância em relação a esses grupos não serão aceitas. Mas claro que nem sempre a gente acerta. Já houve festas do Masterplano em que sentimos que a atmosfera estava “dura”, masculina e desconfortável, sem saber o porquê. Nesse momento paramos para tentar identificar o que causou aquilo e como evitar nas próximas edições. É uma preocupação constante.

     

    A presença de mulheres no line-up é extremamente importante para encorajar que mais mulheres não só estejam na pista de dança, mas que também comecem a tocar e produzir seu próprio trabalho. É muito intimidador tentar alcançar um mercado majoritariamente masculino e nos sentimos no papel de reverter esse cenário, ainda que em pequena escala. É perceptível nas nossas festas que existem meninas que frequentam a pista por saberem que vão ter outras meninas incríveis tocando, não somente para cumprir uma "cota", mas porque essas mulheres protagonizam e constroem a festa artisticamente na mesma proporção que os homens, dissolvendo o universo hipermasculinizado que é muito comum nas pistas de música eletrônica. E isso encoraja que mais e mais mulheres comecem a tocar, em BH temos visto cada vez mais mulheres incríveis tocando.

     

    Além do aspecto final, a presença forte feminina e queer na produção e nas apresentações das nossas festas colocam em relevo uma série de desigualdades de oportunidades, não somente no meio da música eletrônica, mas na sociedade patriarcal e heteronormativa em que vivemos como um todo. Seja na hora de negociar com o proprietário de um espaço que queremos alugar, lidar com a polícia ou conversar com um técnico para resolver um problema, é muito perceptível que o diálogo flui muito melhor, é muito mais possível, quando um homem hétero é o porta-voz. Se um homem hétero está fazendo algo de um jeito não convencional, aquilo é entendido como peculiar e criativo. Quando são as mulheres e as bichas, é frescura, é improviso. E é muito importante nesses momentos que sejamos representados como coletivo pelas mulheres e bichas do nosso grupo, para tentarmos desestabilizar, ainda que minimamente, o "estado das coisas" a partir da nossa própria prática.

     

    Vocês têm intenção de funcionar como um selo a exemplo de Mamba e Capslock, para fomentar e alavancar a cena de produtores locais?

     

    MASTERp la n o - Não sabemos qual formato isso vai tomar (se vai ser selo ou outra coisa), mas é de nosso interesse sim que o coletivo se configure cada vez mais como uma plataforma para novos artistas fazerem circular seu trabalho e também como um catalisador para novas iniciativas em nossa cidade. Nesse sentido, começamos neste ano a realizar um calendário de atividades e encontros de caráter pedagógico que tem como objetivo fomentar a cena local, com workshops, palestras, debates, cineclube, produção de zines. Esses são importantes encontros abertos ao público que existem para além da pista de dança e dar forma a essa comunidade criativa que se encontra para compartilhar conhecimento e fomentar novas propostas - e não só para dançar nos finais de semana. E a partir daí podemos sim pensar, aos poucos, em criar condições adequadas para lançar artistas e alavancar a cena de produtores locais.

     

    MASTERp la n o

    Cineclubber #01: MONSTRAf il m e s

    Sábado, 29, das 14h às 17h

    Galpão Cine Horto

    Rua Pitangui, 3613, 31030-210 Belo Horizonte

    Grátis

     

    MONSTRAp le n a

    Sábado, 29, das 22h ao meio-dia de domingo

    Line-up: ACAPTCHA b2b Carol Mattos, Belisa, Cibelle, Gezender, Pedropedro, Poderdesligado e Subpolo

    Preço: de R$ 15 (antecipado) e R$ 30 (porta)

    Local a ser anunciado no sábado

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    CLAUDIA ASSEF

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